Inicialmente, surgiria um paradigma, ou seja, um modelo explicativo da realidade, formado por leis e valores considerados fundamentais. Então, viria um período denominado ciência normal, em que os membros de uma comunidade científica empregariam esse paradigma para solucionar problemas, orientar métodos, investigações e teorias.
Nesse período, eles se ocupariam de “operações de limpeza”, ou seja, de corrigir possíveis inconsistências do paradigma em uso. Porém, em algum momento, a ocorrência de anomalias, isto é, de um considerável número de problemas sem solução, colocaria em crise a ciência normal. Tal fato geraria uma revolução científica, por meio da ruptura com o paradigma aceito e da afirmação de um novo paradigma.
Essa visão se opôs de forma radical ao ideal positivista de progresso, resultando na afirmação de que não há uma continuidade evolutiva entre os diferentes modelos científicos, mas, sim, ruptura e descontinuidade. Afinal, segundo Kuhn, apesar de todos os ajustes que um modelo de Ciência procurasse incorporar, ele ainda haveria de enfrentar problemas insolúveis. Justamente por isso, o pensador não adotava a verificabilidade nem a falseabilidade como critérios para avaliar as teorias científicas. Ele ressaltava que a nova ciência viria sempre de um novo paradigma, algo maior do que uma teoria e anterior a ela. Ou seja, um conjunto de princípios capaz de dirigir o olhar humano e dar novos rumos às investigações sobre a realidade. Dessa forma, por exemplo, a Física de Einstein ou a Quântica não teriam surgido em continuidade à Física newtoniana, mas pela ruptura com ela, orientando-se por novos paradigmas.
Porém, o surgimento de novos paradigmas seria sempre o resultado de crises e tensões no meio científico. Afinal, os cientistas não estariam predispostos a abrir mão de suas teorias, pois, no mundo capitalista contemporâneo, a Ciência não se desvincula de interesses socioeconômicos e até mesmo políticos. Isso leva os cientistas a se empenharem para manter seu prestígio profissional, justificar o financiamento às suas atividades e vencer disputas com outras instituições de pesquisa, por exemplo.